Liderança, Autoconhecimento e Espiritualidade – 3° Parte:

3° Parte:
Autoconhecimento

Uma vez que a realidade atual nos coloca frente às questões de grande impacto como o adoecimento mental, através dos sintomas de ansiedade e depressão por exemplo, é preciso repensar muitas coisas. É preciso rever o modo como nos relacionamos com a vida, com o outro, e principalmente conosco.

Para Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço e fundador da Psicologia Analítica: O padecimento do doente vem da alma, de suas funções mais complexas e profundas, que mal ousamos incluir no campo da medicina.” (JUNG, 1978, p.1)

Nesta perspectiva, o que vemos acontecer em relação ao adoecimento das pessoas de forma pregnante, notadamente em relação à depressão, pode estar relacionada a este campo mais profundo da personalidade. E por isso, há uma necessidade premente de conhecer e de entender melhor, como e porque, esse quadro de adoecimento se relaciona com as funções da personalidade e com os valores mais profundo, ao senso de existência e proposito de vida.

Jung chama atenção para uma real mudança interna, pois não basta analisar e compreender algo intelectualmente. Se não houver uma verdadeira transformação, os sintomas continuarão presentes. Por isso, uma análise superficial de uma situação complexa, por si só, pode não resolvê-la.

Avaliar em uma perspectiva mais completa, o papel dos sintomas/doenças como a depressão que emerge cada vez mais no meio empresarial, levando em conta as necessidades pessoais, empresariais e socioculturais no contexto atual, incluindo dessa forma o lado pessoal e subjetivo, pode fazer a diferença quanto aos resultados obtidos dessa análise.

Se o que adoece “vem da alma”, é preciso olhar para ela na busca da saúde. Reestabelecer a relação com a anima, que do latim significa “sopro, alento, alma”, é restaurar a conexão com o que nos anima, o que nos compõe. Esse caminho é diametralmente oposto ao que estamos acostumados e expostos diariamente. Uma realidade na qual não “há tempo” para sim mesmo, em que autoconhecimento é “perda de tempo” e onde “tempo é dinheiro”, pode-se perceber um desvalor relacionado aos trabalhos que envolvem a subjetividade. Será preciso irromper, sair desse caudal automatizado, limitado e árido, para começar a perceber que essa realidade dita normativa, é apenas uma das formas da realidade se apresentar. Existem outras maneiras de percebê-la e de se relacionar com ela. Para isso, a primeira coisa a fazer é saber mais a respeito da pessoa que você lida diariamente, você mesmo.

Melissa Coutinho

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. FERREIRA, A. B. H. Novo Aurélio: O dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
  2. FREUD, Sigmund (1888). Histeria. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. I. Rio de Janeiro: Imago, 1976
  3. JUNG, C. G. A natureza da Psique, Volume III/2. Petrópolis: Vozes, 1984.
  4. JUNG, C. G. Aspectos do drama contemporâneo, Volume X/2. Petrópolis: Vozes, 1988.
  5. ROTH, W. Introdução à Psicologia de C.G.Jung. Petrópolis: Vozes, 2011.
  6. STEIN, M. O mapa da alma. São Paulo: Cultrix, 2006.

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