Liderança, Espiritualidade e Autoconhecimento – 1° Parte:

1° Parte:
Liderança

Hoje em dia a palavra liderança tem sido objeto de grande interesse. Dentro do meio empresarial, político, social, e até familiar, é uma palavra que traz em si mesma muitas implicações. A depender do contexto ganhará formatação e base teórica específica, podendo assumir diferentes perspectivas, e atentativa de compreensão desse tema é de extrema relevância.

Dentro de uma empresa, geralmente o interesse recai sobre as relações entre líder e liderado, e como essa relação pode ser mais produtiva. Mas o que tem de “pessoal” na liderança, qual o significado desse papel na vida do próprio indivíduo/líder, qual a relação desse líder com o contexto maior no qual ele está inserido como a própria empresa e a sociedade? Estes são alguns dos questionamentos possíveis e que geralmente são tratados de maneira superficial, quando incluídos.

A liderança é uma condição, uma habilidade que pode ser exercida, através de comportamentos adequados em determinadas circunstâncias. Ou seja, para que aconteça, é preciso que o líder consiga pôr em prática a influência sobre outras pessoas. Mas para isso, será necessário que a pessoa/líder, tenha informações sobre si mesmo em primeiro lugar, e seja capaz de apreender informações sobre o outro, e a realidade que os circunda.

Como liderar é influenciar pessoas a alcançar um objetivo específico,evidencia-se a questão do poder da influência. A influência não é algo que seja tangível por si mesma, mas apenas quando alcança o outro e se torna resultado na prática. Isso porque o que influencia uma pessoa, não necessariamente influenciará todas as outras, esse é o campo do subjetivo, do que há de pessoal, do que motiva, do que emociona, do que faz agir, cada pessoa. Então, para que haja influência é necessário haver autoconhecimento, pois o líder precisa ter conhecimento sobre como ele próprio funciona, quem ele é, e precisa saber como o outro funciona, para assim, construir uma relação favorável à influencia dele. Evidentemente que essa relação é pautada pela ética e respeito mútuo, e que os valores estarão permeando todas as decisões.

Somando-se a isso, um cenário de altos índices de transtornos psíquicos se coloca com grande veemência em escala mundial. Nas organizações isso já aparece de forma clara, com a ansiedade e a depressão gerando grande impacto no clima organizacional e na produtividade por exemplo.

Em 2001, há 19 anos atrás, a Organização Mundial de Saúde (OMS), através do Relatório Mundial de Saúde, cujo subtítulo foi:” Saúde mental: nova concepção, nova esperança”; declara que: “a saúde mental foi negligenciada durante tempo demais, e que deve ser encarada sob uma nova perspectiva, para que o bem-estar geral, incluindo pessoas, sociedades e países, seja universalmente alcançado”.

Ainda segundo a OMS, temos acesso a dados alarmantes. De 2005 e 2015, o número de casos de depressão cresceu 18% no mundo, isso significa que chega a 322 milhões de pessoas que sofrem com esse transtorno em todo o planeta.

No Brasil, os índices são tão alarmantes quanto os gerais acima citados, pois estima-se que 5,8% dos brasileiros sofram com a depressão, ou seja em torno de 11,5 milhões de pessoas. Em relação aos transtornos ansiosos, o crescimento foi de 14,9%, com 3,6 % da população mundial com este diagnóstico, e no Brasil, país recorde em ansiedade, a estimativa é que 9,3% da população, ou seja, 18,6 milhões de pessoas.

Muitas pesquisas hoje em dia corroboram com esses dados, acrescentando análises que incluem o ambiente de trabalho, ressaltando consequências no ambiente corporativo como o absenteísmo e o afastamento devido a quadros depressivos e mistos, ansiosos e depressivos.

Nos cargos de liderança, é possível que a realidade desses dados seja ainda mais significativa, pois ainda que variando de acordo com o nível da liderança, a intensidade das experiências como grande pressão, alta quantidade de informação e a complexidade das situações envolvidas, pode tornar essa realidade mais prevalente.

Diante disso tudo, há uma evidência de que o líder, ou seja, a pessoa que ocupa o lugar da liderança não pode mais se “dar ao luxo” de ignorar o tema da saúde mental. De ignorar o processo de autoconhecimento, de não querer saber que as questões e os traços pessoais de cada indivíduo serão determinantes na relação da liderança, e consequentemente nos resultados.

Melissa Coutinho

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. JUNG, C. G. Psicologia do Inconsciente, Volume VII/1. Petrópolis: Vozes, 2001.
  2. JUNG, C. G.  Presente e Futuro, Volume X/1. Petrópolis: Vozes, 1988.
  3. JUNG, C. G. Aspectos do drama contemporâneo, Volume X/2. Petrópolis: Vozes, 1988.
  4. JUNG, C. G. Civilização em transição, Volume X/3. Petrópolis: Vozes, 1993.

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