O movimento como expressão da alma e suas consequências terapêuticas – II

O distanciamento da relação com o corpo tem trazido profundo comprometimento em relação à saúde e ao bem-estar. Ansiedade generalizada, dores crônicas, etc. Mas isto também se reflete nos afetos e na forma de se relacionar, pois a relação com o outro passa necessariamente, pela relação consigo mesmo.

Se vive, como se não houvesse tempo para olhar para si, cuidar de si, muito menos para se movimentar de uma forma saudável. E quando se abre espaço para uma atividade corporal, geralmente o objetivo principal é estético, estética esta, submetida a um ideal de imagem corporal irreal e inalcançável. O corpo neste caso, é apenas uma “tela” em que a imagem socialmente valorizada deve, não apenas conquistada, mas principalmente exibida. E assim, existir em um corpo passa a ser uma prisão, um incomodo, um verdadeiro empecilho para uma vida plena e feliz.

Grande engano! Uma relação saudável com o corpo não tem a estética cultural, imposta de forma direta ou subliminarmente, como seu pilar de base. Passa pela saúde física e pela capacidade de estar no corpo, de se sentir bem no corpo, de se conhecer, se reconhecer e se transformar no corpo. Ter consciência de si significa – saber que somos seres em existência corporificada, em incessante processo de transformação, atualizando e ressignificando a própria expressão do Ser.

Através da experiência corporificada, é possível acessar as diversas instancias da existência humana, não apesar dele, mas por causa dele.

A experiência de ter um corpo é complexa, por isso permite uma infinidade de caminhos que podem conduzir ao verdadeiro autoconhecimento, que não é o conhecimento de sua personalidade apenas, que você acha que é. Mas de sua essência, seu Eu maior, o Self como dizia Jung.

Melissa Coutinho