O movimento é uma expressão de vida. Tudo o que está vivo, se move. É uma manifestação da dinâmica da vida. No corpo, esse movimento expressa a fluidez na relação entre o Ser e a própria existência.
Com esse olhar, a dança sempre foi uma das principais representações culturais, estando presente e ocupando papel essencial, desde as antigas civilizações.
Através da dança, dos movimentos corporais, da relação com o próprio corpo, seu ritmo, sua “presença” e suas sensações, se criava uma ligação entre o psíquico e o físico, entre o consciente e o inconsciente, entre o humano e o sublime. Pois o movimento traz em si o potencial de tocar múltiplas dimensões de existência: a física, a cognitiva, a emocional e a espiritual, ao mesmo tempo, tecendo uma rede de relação entre elas.
Na prática, movimentar o corpo em uma dança é trabalhar com a coordenação motora, flexibilidade, força, senso de equilíbrio, e estimular a concentração, a memória, a percepção espacial, além de tantas outras coisas, mas principalmente, promover a consciência de si, do próprio corpo e do que acontece nele.
Na atualidade, existe uma dicotomia mente-corpo impregnada na cultura ocidental, e essa cisão gera profundas consequências.
Podemos perceber um discurso fragmentado, em que corpo e psíquico são vistos como entidades separadas, diferentes e autônomas. O simbólico ausente.
Nessa perspectiva, o corpo deixa de ser um “campo de saber”, um “território dos afetos”, que fala sobre um conhecimento de si, sobre representações, sobre a relação com a vida, para ser uma mera expressão vazia, sem sentido ou direção. Como se o movimento não fosse uma expressão complexa, uma forma de revelar metaforicamente o que se pensa, o que sente, o que vive. Como se o movimento não pudesse ser ponte que une diversos mundos.
O ser humano é um ser corporal e espiritual, então corpo e psique dançam nessa relação entre si, como um único organismo vivo, pulsátil, em constante movimento dinâmico.
Pensar o movimento no corpo, de um outro ponto de vista é, necessariamente percebê-lo como a expressão de um saber profundo, intrínseco, primitivo e essencial do humano. Um saber de um corpo pulsátil, vivo, engrenagem em fluxo, que conecta as suas diversas partes de forma a articular “os mundos”, em uma unidade.
Melissa Coutinho
One comment on “O movimento como intermediário entre corpo e psique”
Muito legal este texto!
Sinto que o contato com o meu corpo é uma grande via de acesso ao inconsciente!
Parabéns, Mel 👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼🌟🌟🌟🌟🌟