Sintoma – 1º de 5

A palavra sintoma permeia nossa vida, desde que nascemos até morrermos. Para tê-los, basta que estejamos vivos.

Esse é o primeiro de cinco textos, que construí sobre o sintoma em Psicanálise a partir do meu trabalho de conclusão de curso na Escola de Psicanálise da Bahia (EPBa), de mesmo tema. Resolvi dividir em cinco partes para torná-lo mais leve.

TEXTO 1

O conceito psicanalítico de sintoma se construiu ao mesmo tempo em que a própria clínica psicanalítica, sendo um grande desafio e um estímulo desde então.

É um tema de grande importância, e se apresenta na contemporaneidade com veemência, aja visto os altos índices de transtornos e comorbidades associadas, com novas nuances, exigindo de quem trabalha na clínica, um olhar mais amplo e uma compreensão diferenciada desse conceito. Além disso, e ao mesmo tempo por conta disso, existe uma diversidade de concepções teóricas que tentam defini-lo. Na verdade, por ser algo inerente a vida humana, todas as formas de tratamento existentes terão uma forma própria.

Na psicanálise, o conceito de sintoma ocupa um lugar histórico e estrutural. Desde o seu início com Freud, até as concepções atuais, é um tema que perpassa vários outros conceitos, mantendo uma relação estreita e direta com estes, trazendo múltiplas implicações. Não há como lidar com esse conceito, e não relacionar aos conceitos como pulsão, energia psíquica, deslocamento, condensação etc.

Ao longo do tempo, a concepção de sintoma sofre transformações a partir de avanços teóricos provenientes da práxis clínica, causando algumas vezes, embaraço e confusão no que diz respeito a que concepção de sintoma se está falando quando a referência é a Psicanálise.  

Freud começou a pensar sobre o sintoma a partir da etiologia das neuroses de conversão. Percorreu um estudo sobre a relação do orgânico e do psíquico, a economia libidinal, e chegou até a questionar sobre um “acervo filogenético” influenciando em sua estrutura de construção.

Lacan fez um percurso inicial na direção do Simbólico, através do “inconsciente estruturado como linguagem”, e no seu último ensino, pelo Real, o “inconsciente pulsional”. A partir disso, difere-se o “sintoma-metáfora”, como uma formação que se sustenta em uma satisfação de desejo recalcado, que pode então ser decifrado, se aproximando do conceito Freudiano e o “sintoma-letra de gozo”, presente no último ensino de Lacan, que não se permite a decifração.

Melissa Coutinho
Desenho do artista Riolan Coutinho

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