Como você vive?

Na crise, apuramos nosso olhar e nossa escuta. Temos a oportunidade de reinterpretar a vida.

A questão da doença, nos convida a refletir sobre a saúde. Quando há risco de morte, somos convocados a pensar sobre a vida. 

Refletir sobre adoecimento, dor, sofrimento ou morte, nos leva a perceber a dimensão de igualdade que nos liga. Lidar com essas questões não é fácil, por isso tendemos a evitá-las. O que não ajuda, pois elas não deixam de existir só porque não pensamos. Ao contrário, perdemos a oportunidade de construir maneiras possíveis e saudáveis de nos relacionar com elas.

Mas o que é saudável?  Será que podemos ser saudáveis sozinhos, ou vamos ter que perceber que a existência de um, necessariamente interfere na vida do outro? Que parâmetros podemos usar para achar repostas?

Um caminho é refletir sobre o egocentrismo em que vivemos, o extremismo e a violência com a qual defendemos as nossas opiniões e o consumismo compulsivo que mantemos para suprir o vazio experimentado internamente. Também podemos pensar na superficialidade das relações que sustentam nossos fúteis interesses, na competição burra que insistimos em estabelecer e, nos preconceitos que estão a serviço da mais pura ignorância. Além disso tudo, no nosso brutal apego a tudo isto, mesmo que signifique a manutenção e o agravamento do nosso quadro, para mim, o adoecimento.

Somos convidados a avaliar a vida que levamos, o lugar subjetivo que ocupamos nas relações. Muita gente perde tempo com a vida do outro, com as decisões e escolhas do outro e, ao mesmo tempo, esperando que seus problemas se resolvam, o que não acontece.  O que pode fazer a diferença é cada um se perceber e se modificar, um pouco que seja.  Desta forma é possível construir o mundo – que dizemos que queremos – com seres humanos melhores, ética e espiritualmente.

                                                                                          Melissa Coutinho
Desenho da artista Elisabeth Coutinho

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